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Notícias e Opiniões

AJOELHA E REZA


    A mensagem do meu amado e idolatrado amigo de infância acordou-me:

    - Bróder, o Flamengo jogou muito. Eu tava lá. O Danilo joga mais que o Pereira.

    Ele estava eufórico — e certo.

    Ontem,

    no Maraca,

    o Flamengo fez experiências.

    Do outro lado,

    o hamster da vez:

    o tal do Juventude;

    nome que serve para qualquer ajuntado de juvenis sem pedigree que se atreve a pisar no templo.

    Os sem-noção da vez entraram no nosso universo quântico de humilhações e castigos.

    Pavor e pânico!

    Cagaram no pau antes mesmo de o ponteiro dos segundos do relógio de bolso do vovô dar a volta inicial.

    Na saída de bola,

    os juvenis da camisa verde-catarro já deram sinais da síndrome do fudeu.

    Tremedeira,

    suor e olhar perdido de quem entrou por engano na ala psiquiátrica do manicômio rubro-negro.

    Um deles chegou a ajoelhar e fazer o sinal da cruz.

    Tá errado?

    Não.

    Entrar no labirinto de passes do Flamengo é pedir perdão a Platão pelos pecados que vai cometer marcando errado.

    Os minutos iniciais desenharam a tragédia:

    a gente desfilava com a bola como gostosas passeando com seus Shih Tzus de laços de fita no calçadão de Ipanema,

    enquanto os juvenis latiam fininho sua alma de pinscher,

    correndo atrás do rabo e acabando sentados,

    dando a patinha.

    Nós jogamos regidos por Beethoven,

    numa pintura do Picasso,

    em sinfonia barroca.

    Cada passe,

    um poema.

    Cada gol,

    uma poesia.

    Cada drible,

    um manifesto paudurescente.

    Vou dizer com todas as letras,

    vírgulas e verbos,

    em negrito e sublinhado:

    Nossos jogadores são entidades:

    os Cavaleiros da Bola Redonda.

    O grande elenco do Flamengo é abençoado pela trindade sagrada da interseção Zico Vermelho e Preto.

    Quando os escolhidos vestem o manto sagrado,

    o gramado vira altar e,

    o adversário,

    um coroinha assustado, 

    de cu travado, 

    que não passa nem sinal de wi-fi.

    Ontem,

    nós assistimos ao Flamengo exibir a soberba asquerosa de quem é o sodomizador de timecos.

    Enquanto os outros torcem,

    nós,

    as almas flamengas,

    contemplamos massacres.

    Fato é que os juvenis voltaram pra casa de alma amputada.

    O Flamengo,

    ontem,

    deu a aula magna de quem sabe ser a ideia utópica,

    gabaritada no gingado genético-artístico dos deuses do futebol.

    E o Dom Pedro II voltou.

    É nós,

    e nós é pica!

    O resto do mundo...

    Ah,

    o resto do mundo que se levante pra aplaudir-nos.

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