O Ensurdecedor Silêncio que Atingiu o Apartamento 904

Em que pese as centenas de camisas do PSG em 21.12.25 na final da Copa do Brasil na qual o Vasco conseguiu uma vez mais o segundo posto, não se ouviu Rio afora, janeleiros flamenguistas eufóricos execrando o ex "rival bilateral" Vasco da Gama.

Marcovaldo, morador do apartamento 904, nem era pai no final do século passado quando o Vasco quase tornou-se mundialmente laureado.

 O inolvidável revés de 1998 deixou então rouco 40 milhões de adeptos da Fla-Madri. A física deve explicar que o som sobe, bate na parede, repica e chega imenso no apartamento 904 do cruzmaltino Marcovaldo.

Na maior derrota vascaína da História, a vitória rubro-negra.

Passados quase trinta anos,Marcovaldo, para além de pai, virou avô. Batizou o filho com um nome menos risível, foi promovido diversas vezes na firma e seguiu sua vida no mesmo apartamento de Copacabana, cujos fundos dão para uns dois mil vizinhos.

Com a sentença decretada pelo apito final ontem na final de mais um caneco malogrado, Marcovaldo puxou a corda para abrir a veneziana e se entregar aos gritos de zoação tal qual um réu consciente na espera de ser algemado após o anúncio do veredicto.

Mas não: nós, os soberbos e marrentos flamengos, tivemos piedade. Muitos de nós inclusive torcemos para o bacalhau.

E isso causou dor a Marcovaldo: nem mesmo o impiedoso Marcelinho do Edifício da República do Peru compartilhou sua incessante e estridente frequência vocal.

Zero grito e um infinito silêncio: eis a dor épica de todo adepto bacalhau.

O Clube de Regatas do Vasco da Gama  oficialmente entrou no grupo de rivais unilaterais flamengos do qual fazem parte o Clube Atlético Mineiro e o Sport Club do Recife.

No fundo, o óbito do ex rival também, deixa-nos, aqui do pedestal, que é a nossa eterna morada, um tanto quanto saudosos.

Era uma vez um rival...